Mais amoras-silvestres

Amora-silvestre. Amora do Mato. Amora Preta. Ou simplesmente Amora. Não se cultivam nas hortas. Mas estão sempre por perto. E nós gostamos muito delas. Fósforo, potássio e cálcio. Vitaminas A, B e C. Propriedades depurativas, refrescantes e digestivas. Propriedades anti-oxidantes. Pectina. Traz benefícios para quem tem reumatismo, gota ou artrite. Faz uns doces maravilhosos. Ou então deve ser consumida no imediato ou congelada. Elevada concentração de cálcio e de potássio. Uma fonte de vida. E tão perto da nossa horta.

amora negra

Piri-piri ou malagueta?


Eu chamo-lhe piri-piri, por vezes piripireiro, e a S. chama-lhe malagueta. Estaremos todos certos. Eventualmente. É agora, no final de Agosto, que as malaguetas, ou piri-piris, avermelham a cor. Esplendidamente, acendem os pequeníssimos arbustos como se de lâmpadas minúsculas de Natal se tratassem. Tenho dois pés. Duas plantas. Duas malaguetas. Ou dois piripireiros.

malagueta

O pepino branco e os outros

Estes pepinos não são da minha lavra. Como eu disse já umas 500 vezes, os pepinos da minha horta são pequeníssimos e sem graça. Já muito me queixei eu, e expliquei sempre que a culpa foi dos caracóis que atacaram os pepineiros ainda no berço. O último pepino que apanhei por lá cresceu tão enfezado que o atirei, já amarelecido (e eu amarelecido com ele do tédio), às galinhas que o avô da S. teima em criar, apesar do descontentamento da mulher.

pepino albino

Como fazer uma horta - o terreno

olival agras
Agras, Olival. Terreno agrícola parcialmente abandonado.
Como fazer uma horta? Terreno. Não há horta sem terreno. O terreno é a primeira e a maior das dificuldades para quem quer fazer uma horta. Para quem vive em cidades, como é o meu caso, as coisas não são tão simples quanto isso. Não pode ser um terreno qualquer, tem de ser um terreno fértil. Obviamente, e como nenhum de nós inventou o mundo, nem pretende vir a inventar terrenos agrícolas, a mais simples de todas as estratégias será utilizar um terreno que já tenha sido usado, ou esteja a ser usado, para a agricultura. Assim não há que enganar, o terreno é bom. Se funcionará melhor com umas culturas do que com outras, esse será um assunto a ponderar posteriormente, ajustando sementes e plantas. Uma coisa é obrigatória, o terreno deve estar bem servido de água. Seja ela água da companhia, água de charcos, água de poços, água de ribeiros - a água deve estar ali, disponível em quantidade e em qualidade. Convém que o terreno da horta  não seja muito longe de onde moramos, para que não se revele muito dispendioso em termos de transporte; mas é uma questão de ponderar os custos e os benefícios. E acreditem, há muitos terrenos a gritarem para receber uma horta.
E como conseguir, na prática, ter um terreno para a horta? As alternativas são algumas, umas mais praticáveis do que outras. Algumas são correctas e honestas, outras são simplesmente desonestas. Algumas são originais, outras completamente idiotas. Vamos analisá-las.

Roubar um terreno para fazer uma horta
Sim, eu escrevi "roubar terreno". Roubar à descarada, quero eu dizer. Quer dizer, não convém que seja muito à descarada. Simplesmente, não podemos chegar ao quintal do vizinho e começar a plantar por aí como se não houvesse amanhã, até porque o amanhã chega impreterivelmente e vem armado com uma caçadeira. Calculo que não seja crime que se pratique habitualmente nos dias de hoje, roubar terrenos para hortas, todavia ainda não há muito tempo parece ter sido prática comum. Quero eu dizer, alguém chegava, instalava as coisinhas, sobretudo em terrenos longe do controlo dos donos, e fazia de conta que era tudo deles. Sim, o mundo está diferente e os sistemas de controlo não permitem estas coisas de ânimo leve. Além disso, pode tornar-se perigoso. Obviamente, não recomendo esta opção. A não ser que sejam estupidamente ricos ou políticos (o que também estúpido) - nesse caso, ninguém conseguirá atingi-vos, e à terceira geração o terreno fará parte do espólio familiar.

Ocupar um terreno para fazer uma horta
Ocupar terreno é uma espécie de "roubar terreno" na pós-modernidade. Tudo o que foi escrito atrás sobre roubar terrenos aplica-se a ocupar terrenos, todavia não veste a aura eternalista e criminosa do roubo - é uma espécie de empréstimo sem prazo definitivo e com roupagens sociais. Obviamente, a primeira plantação do ocupa-terrenos será a cannabis, desvirtuando assim o que se quer com uma horta. Qual tomate, qual quê? Qual pimento, qual quê? É cannabis. Se quiserem mesmo ocupar um terreno fazer, embora eu não o recomende, desejo-vos muita sorte.

Pedir um terreno emprestado para fazer uma horta
a) Pedir terreno a desconhecidos. 
Sim, é possível pedir terrenos emprestados para a horta, qual é o problema? Não custa nada. E o não está garantidíssimo, portanto tudo o mais que venha será bem-vindo. Não esperem respostas positivas de pessoas que nunca viram mais gordas. E convém que vão arranjadinhos, não ao ponto de serem confundíveis com testemunhas de Jeová, quando forem apresentar a vossa proposta. Toquem à campainha, apresentem-se e diga ao que vão. Por exemplo: "Boa tarde. O meu nome é Ernesto. Sou cortador de carnes verdes no supermercado em full-time e acordeonistas no grupo de baile "Os Bons da Festa" e quero muito fazer uma horta. Reparei que, anexo à vossa casa, têm um terreno abandonado e que me parece perfeito para isso. Eu ficarei com uma horta e os senhores ficarão com um terreno bonito e bem tratado, o que vos parece?" Se depois disto, os senhores não vos convidarem para dentro de casa, vos oferecerem um café e quiserem saber mais pormenor, ou queiram mesmo negociar uma percentagem nas colheitas, então não sei que vos diga. Os senhores só podem ser muito quadrados.
b) Pedir terreno a amigos ou conhecidos
Tudo fica muito mais fácil quando pedimos um terreno emprestado para fazer a horta a um amigo, ou pessoa próxima das nossas relações. Neste caso, é a qualidade da relação que determinará o sucesso da incursão. Se o dono do terreno tiver uma impressão positiva de vós, facilmente conseguirão o vosso objectivo. Se, pelo contrário, não houver nada que sustente uma relação de confiança, podem tirar o cavalinho da chuva, não há horta para ninguém. Pedir terrenos emprestados para hortas é prática bastante comum nos meios rurais. Muitíssimo comum, na verdade. Casos há em que esse empréstimo passa de geração em geração ou entre familiares. A vantagem é de ambos. O dono mantém os seus terrenos bem tratados, o horticultor obtém os proventos da terra.
c)Pedir terreno a familiares
Pedir terrenos a familiares é ainda não fácil do que pedir o terreno a conhecidos. Ou não. As relações familiares são, obviamente, mais complexas do que as relações de amizade. Tudo o que disse atrás acerca do impacto das impressões no sucesso do pedido, aplica-se aqui, mas com o eventual bónus que as relações de sangue trazem. Para o bem e para o mal. Enfim, de qualquer modo, e caso queiram pedir um terreno emprestado para começar a fazer uma horta, questionem-se primeiro se algum familiar vosso terá um terreno encostado. Por este método, as possibilidades de sucesso são maior, parece-me. E também mais sanguíneas.

Alugar terrenos para hortas
a) Alugar terrenos agrícolas de desconhecidos, amigos ou familiares
Ler o tópico anterior e juntar dinheiro à prosa.
b) Procurar terrenos nos anúncios do jornais ou na internet
Sim, por vezes aparecem anúncios de pessoas que alugam terrenos para actividades agrícolas nos jornais. E sim, há muitos terrenos agrícolas para alugar em sites especializados, por exemplo o OLX. Geralmente, trata-se de terrenos excessivamente grandes para fazer hortas, mas nada como estar atento. A palavra de ordem nestes casos é negociar. E negociar. E negociar.

Hortas urbanas das câmaras municipais
São já uma tendência em crescendo. Ideia importada dos países do norte, as hortas urbanas começam a instalar-se em várias cidades. Nada como perguntar na vossa câmara, ou mesmo na junta de freguesia, se estão a desenvolver um projecto desta ordem. Se o conseguirem será uma maravilha.

Herdar um terreno para fazer uma horta
Dizia a minha avó do alto sua sabedoria que "quem não rouba ou herda não vale uma merda". Ela sabia o que dizia. Vamos concentrar-nos na parte da herança. Esta é a forma mais óbvia de ter um terreno para a horta. Chega-nos à mão sem esforço algum. Resta começar a preparar a terra.

Comprar um terreno para a horta
A verdade é simples: ninguém compra um terreno apenas para começar a fazer uma horta. Nunca ouvi tal coisa. Faz algum sentido? Não creio. Compram-se terrenos para médias ou grandes instalações agrícolas. Quando falamos de terrenos para hortas, falamos de pequenas porções de terra. Apenas fará sentido se esta porção de terra vier juntar-se a outra que temos contígua; o espaço onde temos a nossa casa, por exemplo. Comprar um quadrado para uma horta é disparatado. Mas o dinheiro é vosso.

Possuir um terreno para fazer uma horta
Estão à espera de quê, da vinda do Messias?! Tenham santa paciência e vão cavar!

Concluindo, caso não possuam ou não sejam os felizes herdeiros de um terreno onde possam começar a fazer uma horta, sugiro que pensem em formas de o pedir emprestado. A familiares será a forma mais fácil e directa, mas também podem pedi-lo a conhecidos. E dirijam-se à sede dos vossos municípios, podem ser que tenham sorte. Et voilá, foi a primeira lição de como fazer uma horta. É uma espécie de "horta para totós". Tratem mas é de conseguir o terreno para começar a fazer horta que a seguir falaremos de outras coisas.

Setembro

horta verão

Pode ser de mim e dos meus ossos, mas sinto Setembro na pele. Há um leve e subtil esmorecer no vento quente, um cheiro indecifrável no ar, um minuto a menos na luz, uma refracção mínima. Será Setembro. Não sei. Ontem, pela primeira vez, e tirando a colheita dos tomates, senti que a horta de verão caminha para o fim. Terá atingido o seu glorioso auge pela metade de Agosto e agora decai poucamente. Em breve, entraremos nas vindimas e todas as atenções rurais se virarão para as vinhas. E na horta de verão sobrará pouco mais do que um tomate solitário, um pimento teimoso e um pepino amarelento. Os feijões entregarão as armas, conjuntamente com o colorido do fruto, e um ar frio pairará sobre as couves. Nessa altura, e só nessa altura, os nabos clamarão vitória. E voltemos à horta, deixando os arredondamento líricos e patetas para trás, afinal a horta não se planta e cuida como quem escreve um decassílabo. Colho, por regra, às terças e às sextas-feira. Como tal, ontem, sexta-feira, foi dia de colheita. Resolvi poupar nos pimentos, para que amadurecem indubitavelmente (mantenho bastantes reservas em relação às minhas qualidades de apanhador de pimentos...); deixei também de lado os feijões, porque, quer parecer-me, terão ultrapassado o tempo de maturação que ao feijão verde é permitido, e daqui para a frente apenas apanhar para grão me será permitido pelos deuses da horta; poupei também nas beringelas, embora algumas me tivessem piscado o olho. Tomate coração-de-boi, tomate cereja, curgete, pimentos padrão, e apenas um ou outro feijão verde mais afoito. Eis o que me calhou em sorte. E foi muito bom. É Agosto acenando adeus.

Feijões

Estes feijões não são meus. Estes feijões não são da minha horta. Tenho tanta inveja que dá raiva. Estes feijões são da minha mãe. Estes feijões são da horta da minha mãe. Estes feijões são extraordinários. E quem não está de acordo não sabe o que diz, não sabe o que pensa. Este feijões estão em cura pelo sol. Lindos como só eles.

feijões coloridos

A amora-silvestre

amora

































A amora-silvestre é uma pequena maravilha, e uma surpresa renovada da natureza selvagem. Não é fruto que se cultive na horta, embora não raras vezes frutifique por perto, em zonas incultas. Nada custa, portanto, a cultivar; a amoreira-silvestre nasce e cresce com toda a espontaneidade, e nada custa também para colher. Por alturas de Agosto, a amora-silvestre enegrece esplendidamente na berma das estradas ou em terrenos abandonados. Faz, sobretudo, a alegria das crianças, que se divertem pintando a boca e as mãos com o fruto. A amoreira-silvestre, ou silva, ou mesmo silveira, não consegue livrar-se à fama de planta invasora. Basta que alguém descuide o seu cultivar e, em pouco tempo, o terreno agrícola é invadido por ela. Lembro-me de grandes lutas dantes travadas entre os agricultores, ou horticultores, e as silvas. É uma luta que persiste. Caso a silva se instale num terreno, é complicadíssimo erradicá-la, porque das suas raízes mais fundas sempre nascem novos caules, por mais que se destrua. Com Agosto chega a redenção das silvas. São uma pequena delícia. Comem-se simples, em doces, em bolos, em sumos... Segundo alguns estudos, entre os benefícios da amora-silvestre encontra-se um efeito de protecção dos neurónios assinalável. Não me espantará que venha a tornar-se um cultivar de eleição nos próximos tempos.
Estas amoras-silvestres que vos mostro não habitam a minha horta, nem cresceram nas proximidades. Aqui perto de onde vos escrevo, às portas de um armazém abandonado, pachorrentamente, as silvas constroem o seu império. E oferecem-nos amoras-silvestres. Impossível resistir.

Colheitas de Agosto #2

agosto colheita

Pimentos, pimentos padrão, tomates coração-de-boi, tomates cereja, beterraba, alho francês, couve penca, couve flor, pepino, curgete, hortelã, tomilho, salva. O mês de Agosto está aqui. E sabe muito bem.

Colheitas de Agosto

Quanto a mim, Agosto é o mês das colheitas na horta. Não quero com isto dizer que não haja novidades durante o ano inteiro; porém, nada se compara ao mês de Agosto. (E agora quase começava a trautear o "Meu querido mês de Agosto"...) Na minha horta nem tenho nem muita variedade, nem muita quantidade; plantei o necessário e julgo que o essencial para uma pequena horta: cebolas, beterrabas, pimentos, tomates coração de boi, tomates cereja, pepinos, curgetes, alho francês, couve coração, couve penca, couve flor, feijão, e mais umas quantas coisas. Mas tudo muito pequeno, nada de quantidades exageradas; pequeno e bem composto, julgo eu com alguma vaidade. Comecei esta aventura em Maio, no dia 2 de Maio, para ser mais exato, e chego a Agosto com bastante orgulho nos resultados. Com algum saber acumulado lá para trás, para onde as memórias se escondem, a maior parte delas remontando à meninice, e pouquíssima prática, cultivei uma horta digníssima e cujos frutos não embaraçam ninguéms. É, claro, um projecto para continuar. A sementeira dos nabos está feita, e lá para a frente outras se seguirão. Mas vamos às colheitas, que a escrita se estende sem grande necessidade. A colheita de ontem foi a mais completa até hoje, a maior parte dos frutos e dos vegetais, agostinando contentemente, debateu-se por lugar digno no saco das colheitas. Poderia arredondar o texto e a imagem falando de um cesto de vime, daqueles à sério, pejado da agostina colheita e carregado à cabeça por donzela formosa, cuja pele morena e sardenta mataria de inveja a mais bela das belas da tradição raiana... não o farei, todavia: foram mesmo sacos do supermercado, uns do Continente e outros do Belpreço, ali da Madalena. Tomates coração de boi (os primeiros!), tomates cereja, pimentos, pimentos padrão, uma beringela, uma couve coração, curgetes, um pepino, feijão verde e hortelã: eis tudo, eis um maravilho cabaz, eis Agosto em todo o esplendor.

Colheita de Agosto

A curgete doente

Encontrei duas curgetes estragadas na horta: uma delas estava negra, a outra amareleceu. Ora, tudo o que apresente cor diferente daquela destinada por Deus, ou por alguém no seu lugar, padece, como se sabe, de cuidados. O remédio para males humanos desta ordem - da ordem que provoca mudanças de tonalidade na pele - é a canjinha acompanhada por banhos de cama. Não sendo possível, no caso, o recurso a este expediente, investiguei de que forma poderia fazê-lo com uma curgete (ou courgette) atrapalhada de cores. No blog Horta de fim-de-semana encontrei o que precisava. Pode ser que a courgette (ou curgete?) tivesse apanhado míldio, ou uma outra doença ou praga qualquer, embora não o possa confirmar com toda a convicção. Apliquei o Glass-K, de que falei aqui, e podei a planta, deixando apenas o núcleo de crescimento. Pode não ter sido nada, e o facto de ter uma curgete amarela e uma outra negra tenha sido fruto do acaso. Pode ter sido alguma coisa, e a planta estava efetivamente doente. Não tenho bem a certeza, mas mais vale prevenir. Certo é que a valorosa plantinha voltou a frutificar que é uma maravilha.

courgette

Semear nabos

Agosto é mês de semear nabos. Deixo-vos um pequeno guia para o fazer sem grandes complicações.

Sementeiras de Agosto

Também se fazem sementeiras em Agosto, embora não seja tão farta como noutros meses. Agosto é uma espécie de semi-deserto de sementeiras. Ainda assim, algumas sementes, em vez de aproveitarem o sol nas praias, teimam em ser semeadas por alturas do grande calor agostino. Os nabos aparecem logo à cabeça desta fila. São, para mim, a grande sementes de Agosto, e lá para o outono espreitarão orgulhosamente a terra. Outras há, todavia. Segundo o meu guia de sementes da Casa César Santos, de Matosinhos, agosto é o mês de muitas sementeiras, a saber:

  • Acelga, agrião, aipo, alcachofra, alface, alho-francês, beterraba, cardo, cebola, cenoura, chicória, coentros, couve-flor, escarola, espinafre, funcho, nabiça, nabo, pastinaga, penca, rabante, repolho, salsa.


Obviamente, a maior parte delas não é uma sementeira exclusiva de agosto, estendendo-se ao longo de todos os meses quentes de verão, e mesmo da primavera. Algumas sementeiras aparecem, segundo este guia, de forma exclusiva, nomeadamente a escarola e o funcho. Se ao funcho a minha memória agrícola não oferece qualquer esforço, já à escarola não encontro qualquer referência. De acordo com o que o google diz, a escarola é uma endívia, parente da chicória. Não conheço de todo e nunca ouvi falar de escarola, embora conheça endívia pelo nome, mas não pelo sabor. Seja como for, não tenho intenções de a semear. O mesmo é válido para o funcho - também não pretendo semeá-lo. Desta lista, escolho o nabo, e em particular o "nabo 60 dias", recomendado por quem sabe, pela riqueza e facilidade no cuidado. E escolho também as nabiças, mas essas já as semeei, e lá vão crescendo como a terra quer e o engenho desacompanha. 

A minha outra fonte de informações relativamente às sementeiras de Agosto é o incontornável Borda d'Água, "o verdadeiro almanaque", como diz em todo o destaque na capa (não conheço outro que não este, não sei qual ou quais possam ser os falsos...). O "verdadeiro almanaque" é muito mais comedido nas sementeiras de Agosto. De acordo com o clássico absoluto da agricultura e da horticultura, na horta deverá ser semeado: 

  • em local definitivo, agrião, espinafre, feijão, nabo, rabanete, repolho de inverno, salsa; 
  • em canteiro, acelga, alface e couve nabo. 

Também semearei a salsa. Aproveitarei a que tenho na varanda e deixarei que as sementes caiam livremente. A natureza seguirá o seu curso. E boas sementeiras.

salsa na varanda

A apanha da cebola

Li algures que a apanha da cebola deverá ser feita no quarto minguante, caso contrário poderão espigar em casa. Por mero acaso, e se as minhas contas não se enganam, foi quando tal aconteceu na horta, no dia 2 de agosto. Uns dias atrás, tinha-lhe dobrado a rama, porque olhei para elas e percebi-as cansadas de tanto crescer. Quero eu dizer, nem todas mostravam inquietudes assim; algumas pareciam muito sossegadinhas na terra, muito preguiçosas, tão preguiçosas que nem a alegria de crescer as espevitou, e ficaram cebolas mínimas, um bolbo infantil de quem parecia ainda querer brincar no escorrega e nos baloiços da horta. Ora, parque infantil é coisa que não existe na horta, e nem tenho planos para instalar equipamento desta ordem. Portanto, olhei para elas fixamente e disse-lhe "está na hora" (como se sabe, na minha horta há pessoas que falam com as plantas). Ou nem foi nada disto. Simplesmente, pareceu-me que o ciclo de crescimento das cebolas findava e estava na hora de as recolher. Foram plantadas no início de maio, e 3 meses pareceu-me mais do que tempo para crescerem o que tinham para crescer. E cresceram muito desigualmente. Algumas delas transformaram-se em cebolas esplendorosas, daquelas que facilmente ganhariam prémios caso houvesse concursos para cebolas, outras parecem não ter gostado muito do plantio. Eu julgo saber a diferença no crescimento. Algumas foram correctamente plantadas - foi o avô da S. quem as plantou -, outras muito atrapalhadamente foram enterradas - fui eu quem as plantou. Julgo que as terei enterrado por excesso. Coisas de iniciado. E como foram tão enterradas na terra, não respiraram o suficiente para que insuflassem daquele modo que apenas as cebolas sabem. Terei tido, julgo eu, medo que as cebolas não agarrassem a terra, e por isso as plantei tão fundo. De um modo geral, alegro-me com o resultado. Afinal,  foi a minha primeira plantação de cebolas e não correu assim tão mal quanto isso. As cebolas descansam agora à sombra, num local arejado, para que recuperem dos calores da terra e possam assim guardar-se para além dos rigores do inverno. Ao longo do seu crescimento, a cebola revelou-se vermelha. De facto, quando a comprei não lhe sabia a cor ou a preferência clubística. A minha mãe diz que é a melhor cebola; quanto mais escura, melhor. Este ano, apenas cultivou cebola amarela e cebola branca. Não que tivesse havido intencionalidade no acto. Quando as compramos nunca sabemos muito bem ao que vamos, pouca gente lhes anuncia as características. Calculo que a melhor forma de controlar este aspecto será comprar sementes e não plantas. A ver vamos o que faremos para a próxima. 

apanha da cebola


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